Em “parabéns e obrigado”, danilo crespo (tudo em minúsculas) tece uma narrativa poética intimista e visceral, na qual as memórias da infância, as dores da perda e as belezas simples da vida cotidiana se entrelaçam em uma trama de afeto e nostalgia. A morte do pai serve como catalisador, não para lamentações previsíveis, mas para uma arqueologia emocional que desenterra memórias e momentos em conjunto. crespo transforma o luto em um prisma, refratando experiências cotidianas, como peladas de futebol e jogos do Vasco, em versos que oscilam entre o real e o possível.
Sua linguagem, longe de ser apenas coloquial, é como um dialeto poético próprio. crespo cria uma identidade onde palavras comuns colidem com metáforas inesperadas, gerando faíscas de significado. Cada poema é menos um poema e mais uma espécie de conversa com o autor. Há, ainda, cinco práticas ao longo do livro, transformando poesia em ação, seja escrevendo ou indo à praia. É um livro que exige tanto quanto oferece, recompensando aqueles dispostos a conhecer versos e um estilo raramente encontrado na poesia contemporânea.
danilo crespo nasceu em Niterói/RJ, no ano de 1991. Poeta, dramaturgo, professor e revisor de português, é autor de “zen-budistas e furiosos” (2021, Ed. Urutau), entre outros trabalhos, que incluem peças (“Somos todos loucos aqui”, 2019) e roteiros (“O começo de mim”, 2017). Foi curador da mostra sobre o estúdio cinematográfico Hammer (CCBB, RJ/SP/BSB, 2021), é um dos fundadores do coletivo de poesia Com Versar e faz parte da equipe de poetas do portal Fazia Poesia.